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[Resenha] "O Hálito da Morte" em que Isaac Asimov é 1% recalque

Por Márcia Lira em 24/02/2016

O Hálito da Morte, Isaac Asimov

O Hálito da Morte, Isaac Asimov


Perfeição é algo que não existe. Grandes obras aparecem depois que os escritores publicaram muitas besteiras, lançaram alguns fracassos. Ou amadureceram a duras custas. Sempre tem aquele livro OK entre os incríveis. Você já topou com um livro mais ou menos de um autor muito bom?
O Hálito da Morte é o primeiro livro do Isaac Asimov que eu leio, e acredito que caí justamente naquele 1% recalque, bem diferente dos 99% genialidade do autor da trilogia Fundação, que ainda espero conhecer. Vou explicar o porquê.
A primeira frase do livro é impactante: “A morte passeia pelo laboratório de química. Milhares de pessoas passam por perto dela e não se importam”. A história é narrada do ponto de vista de Louis Brade, um professor de química de 42 anos de uma grande universidade dos Estados Unidos. O mesmo que teve a infelicidade de encontrar um aluno seu morto no laboratório de química: Ralph Neufeld.
As evidências mostram que o defunto cometeu um erro tosco misturando substâncias. Só que as percepções de especialista na matéria – que eu sempre odiei – fazem o professor desconfiar do ocorrido e procurar descobrir o que realmente aconteceu.
Ilustração de Isaac Asimov

Ilustração de Isaac Asimov


Até aí, uma normal história de suspense e investigação. O aspecto particular desse livro são os temperos que permeiam a trama: não temos aqui um investigador exótico, uma motivação passional como uma mulher amada ou filho mortos, nem um senso de justiça heroico, ou um acontecimento histórico que resignifique o crime.
Os temperos em O Hálito da Morte são o conhecimento em química e os meandros e politicagens que acontecem na vida acadêmica. O que ganha total sentido quando você descobre que Isaac Asimov foi professor de química na Universidade de Boston. Héin, hein?

Uma foto publicada por Menos1naestante (@menos1naestante) em Ago 8, 2015 às 7:49 PDT


Crise econômica de 1929
O livro foi publicado pela primeira vez em 1958, e o personagem se dizia vítima da “doença da insegurança”, fruto do trauma pelo período da Grande Depressão. A crise econômica que atingiu vários países começu em 1929 e deixou muita gente sem emprego, passando fome, além de empresas falidas.
Então uma das principais preocupações de Louis Brade e da sua esposa era a efetivação dele na universidade. A sonhada estabilidade para a família. Por mais de dez anos, ele era apenas um professor substituto que poderia ser demitido a qualquer hora, e isso reaparece inúmeras vezes no livro em forma de pensamentos ou discussões do protagonista.
Mas o medo da crise não era a única motivação para a efetivação no cargo, o alter ego de Isaac Asimov tinha uma tendência à apatia que fica bem caracterizada neste trecho, sobre a oferta para ele ser instrutor na universidade:

Foi um presente caído do céu; era tudo com que podia sonhar. Não tinha temperamento pra enfrentar a vida trepidante e insegura da indústria. Não fora feito para a luta diária das competições. Nem sequer se metia na competição das bolsas. Tudo o que ele queria era sossego. Segurança, e não aventura.”

Semelhança com Franz Kafka
Impossível não lembrar do Gregor Samsa, de A Metamorfose. Samsa está tão bitolado na rotina do serviço público que vira um inseto. Já Brade anseia por essa rotina segura e resignada. A necessidade da efetivação no serviço público ronda todas as decisões de Louis Brade.

A universidade fazia parte da vida como um remanso faz parte de uma correnteza. Os estudantes entravam na corrente principal, vindos dos mansos regatos da infância, e a enfrentavam rumo a uma terra que Brade jamais tinha explorado. Brade ficava pra trás, no imutável remanso da vida universitária. E, enquanto ele assim agia, os estudantes ficavam mais jovens. ”

É até meio incoerente que um personagem assim possa se envolver numa investigação de assassinato, mais um  motivo pelo qual o mistério parece puro pretexto pra Asimov declarar amor à química e repulsa pelas politicagens e pelos estereótipos da vida acadêmica. Os egos, a vaidade, os podres, estão todos lá.
Concluindo
O Hálito da Morte foi publicado alguns anos depois da trilogia Fundação. Então é tipo: “Hey, agora que sou famoso vou escrever algo pra dizer o que eu sempre quis”. A resolução do mistério é inusitada? Um pouco. Mas sabendo o que eu sei hoje, eu não leria o livro. Pelo menos não antes de ler todas as obras consagradas dele.
Ainda assim recomendo esta história fortemente em três casos:

  1. Se você é professor ou pesquisador acadêmico, pois vai saber o que Asimov indiretamente opinou sobre o seu ambiente de trabalho.
  2. Se você é químico, pois a história tem altas misturas, substâncias e elucubrações sobre esse conhecimento.
  3. Se você é fã de Asimov e já leu as principais obras dele, pois você vai conhecer um pouco mais sobre o autor.

 
Nota: 2/5
Editora: Bloch, 1969
Páginas: 252

  • Saiba opiniões sobre outros livros na seção Resenhas.
  • Leia: O impacto da internet previsto por Isaac Asimov

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3 comentários

AUTOR

Márcia Lira

Márcia Lira. Jornalista. Social Media. Especialização em Jornalismo Cultural. Fundadora do Menos1naestante há 11 anos. E-mail: marcialira@gmail.com.

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  • barbarazvaldez disse:
    24/02/2016 às 12:33

    Gostei bastante da tua resenha, Márcia. Ficou super interessante e me deu vontade de conhecer a história, mesmo você não tendo gostado do livro. rsrsrs
    Beijo

    Responder
    • Márcia Lira disse:
      24/02/2016 às 14:51

      Eita, deixei um comentário no teu blog sobre ela! Que massa que tu gostou. Pois é, de qualquer forma é um livro consistente e pá. hehehe

      Responder
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