Os 112 anos do bruxo argentino, por Tiago Martins
Por Márcia Lira em
Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção. (Jorge Luís Borges)
Hoje, se vivo, o viejo brujo estaria completando 112 anos. Vivo não está, mas permanecerá eterno. Com versos de uma simplicidade hermética, sempre preciso e afiado como um bisturi, Jorge Luís Borges segue embalando gerações de leitores em todo o mundo. A mágica de sua obra é a qualidade em dizer as coisas simples de forma transparente e lúcida. Borges nasceu Argentino, mas sua prosa e principalmente sua poesia é universal.
Existem grandes autores que para serem compreendidos necessitam de um grande esforço, que deixa o leitor, às vezes, exausto e sem interesse. Na obra de Borges, o arrebatamento e a sublimação chegam antes desse cansaço.
Jorge Luís Borges é desses autores que conseguem comunicar esplendidamente, que falam de maneira inequívoca às mentes e aos sentimentos. Era iluminado e luminoso, embora cego. Perdera a vista no ano de 1955.
Aos oitos anos, Borges decidiu que seria escritor. Pegou da pena e do lápis e, escreveu seu primeiro conto: La visera fatal. Oitenta anos depois, mesmo cego, velho, encurvado sob o peso da idade e sob o signo da descrença, ainda prosseguia ditando as palavras. Sua mãe, Leonor e sua secretária particular, amiga e no final da vida esposa, Maria Kodama eram seus olhos. Seguiu publicando livros que ditava por inteiro, cada vez mais belos. Esperava-se o Nobel, que não chegou até a sua morte em 1986.
“Não, não tenho nenhuma sabedoria”, afirmava o Bruxo quando lhe comentavam ser o último sábio sobre a Terra. Completava arrematando: “Li e reli quase sempre os mesmos livros”. Falava, com certa ironia na voz forte e marcante; era sábio sim.
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Vocês acabaram de ler a contribuição especialíssima do amigo Tiago Martins. Grande leitor, já tinha indicado 5 autores para se ler no inverno por aqui. Obrigada, Tiago 🙂
Para quem gosta do autor argentino, vale também escutar no blog do Almir de Freitas 26 textos de Borges lidos pelo próprio.
Hoje, não se falou em outra coisa por causa da homenagem do Google.
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