Não é fácil pra ninguém: 7 obras famosas rejeitadas antes da publicação
Por Márcia Lira em
Esse é um post sobre obras famosas rejeitadas é pra você guardar aí nos seus favoritos e voltar a ele sempre que bater uma bad ao ouvir algo desagradável sobre um trabalho, um projeto, uma ideia.
Quando alguém fizer uma crítica, rejeitar algo que você pensou e botou toda a energia, é só você lembrar que verdadeiros gênios da literatura escutaram coisas inacreditáveis dos primeiros editores que leram suas obras.
Imagina saber que autores de obras famosas como Flaubert, Emily Dickinson, Marcel Proust, Colette de início tiveram seus primeiros livros rejeitados – e muitas vezes ironizados – por editores da época.
São sete frases retiradas do livro Não contem com o fim do livro, que é fruto de um diálogo entre Umberto Eco e o cineasta francês Jean-Claude Carriére sobre os mais diversos assuntos do mundo literário e cultural como um todo.
Na página 165 (edição da Record), o escritor italiano enfileira estas frases. No livro, não explica como ele soube dessas pérolas mas a gente confia baseado no alto nível de bibliofilia do Umberto Eco, que é colecionador de obras raríssimas e antigas.
1. O primeiro relatório de leitura sobre Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust (1871-1922)
Talvez eu seja um pouco limitado, mas não posso entender porque dedicar trinta páginas a contar como alguém se vira e revira na cama sem conseguir pregar o olho.”
Em busca do tempo perdido é uma obra em 7 volumes, uma verdadeira odisséia literária. O último volume chamado O tempo redescoberto só foi publicado cinco anos após a morte de Proust, em 1927, que teria falado para a governanta depois de terminar a obra que “já poderia morrer”, o que de fato aconteceu meses depois. Esse artigo da Época é bem interessante sobre o livro.
2. Sobre Moby Dick, de Herman Melville (1819-1891)
Há poucas chances de um livro como esse interessar ao público jovem.”
Melville foi outro que morreu bem antes de ver o estrondoso sucesso da sua obra Moby Dick, no século 20. Na época do lançamento com o nome “A baleia”, a obra foi muito criticada e levou o autor a levar seus últimos dias quase esquecido. Que triste.
3. Sobre Madame Bovary, de Gustave Flaubert (1821-1880)
Cavalheiro, o senhor sepultou seu romance sob um entulho de detalhes que são bem delineados mas completamente supérfluos”
Em tempos de censura tardia a obras de arte que contêm nudez (enquanto na música todo o sexo pode ser descrito), é interessante saber que Flaubert chegou a ser processado por “imoralidade” no romance Madame Bovary, mas foi absolvido. Impactou a sociedade da época, mas sofreu com dificuldades financeiras.
4. Dito para a poetisa Emily Dickinson (1830-1886)
Suas rimas soam todas falsas.”
Da Wikipédia: “em toda sua vida, não publicou mais do que dez poemas, algumas vezes anonimamente, e teve sua numerosa obra reconhecida só após a morte. Sua vida discreta e misteriosa desafia até hoje os estudiosos de sua obra.”
5. À escritora Colette, sobre Claudine na escola (1873-1954)
Receio não vender mais do que dez exemplares”.
A única escritora mulher da lista amargou a negativa mas chegou a ser premiada em vida. Claudine na escola é o primeiro livro de uma série escrita pela francesa sobre uma adolescente amadurecendo e observando a vida. Colette ficou conhecida por ter uma postura libertária e se preocupar com a construção da feminilidade.
6. Sobre A revolução dos bichos, de George Orwell (1903-1950)
Impossível vender uma história de animais nos Estados Unidos.”
Apesar de engolir esse tipo de sapo, parece que Orwell teve mais sorte que os coleguinhas dessa lista. Afinal, teve a honra de receber uma carta do seu professor Aldous Huxley (!!!!) recebendo elogios pelo segundo livro, 1984. A Revolução dos Bichos usa personagens animais para fazer uma sátira à política stalinista e fez sucesso mais rápido.
7. Para o Diário de Anne Frank (1915-1945)
Essa garota parece nem desconfiar de que seu livro não passa de um objeto de curiosidade.”
Um dos diários mais famosos do mundo foi descoberto depois que Anne Frank foi mandada para um campo de concentração, depois que ela e a família foram encontrados pelos alemãos no esconderijo em Amsterdã. O pai, único sobrevivente, ralou para publicar o diário da garota de 15 anos que é um dos livros mais traduzidos do mundo.
O que você achou? Compartilha esse link para aquele amigo saber que tudo foi difícil também para alguns dos maiores escritores dos últimos tempos. 😀
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