Máquinas de escrever de escritores
Por Márcia Lira em
A minha ligação com máquinas de escrever é principalmente afetiva. Acredito que é assim para muitos da minha geração. Eu era criança ainda numa época em que saber datilografar era algo básico para qualquer profissional, como é convencionalmente saber inglês hoje. A minha avó, que era boa nisso e tinha tempo, chegou a me dar algumas lições na máquina azul lá de casa. Achei tão chato que eu nem me dediquei e nunca aprendi direito, virei adepta do dedografismo. Se eu soubesse que a máquina de escrever estava prestes a virar artigo de colecionador, eu teria dado mais atenção à coisa.
Até aquela época, tudo era escrito no tec-tec desses equipamentos datilográficos. Só depois computadores começaram a se popularizar evoluindo ao que é hoje. Documentos, cartas oficiais, trabalhos de faculdade, relatórios, tudo era na máquina de escrever, inclusive as grandes histórias. Livros clássicos ou não, obras complexa, capítulos e capítulos: a máquina de escrever foi, por muitos anos, a principal cúmplice da relação do escritor com a sua obra. Eram muitos modelos e marcas e é claro que cada autor tinha o seu próprio equipamento, com tudo que isso pudesse implicar.
Por isso é tão interessante a ideia de conhecer a máquina de escrever de cada escritor, assunto abordado no número 1 dessa revista australiana Smith Journal, com o título “Typewriters and the man who loved them”. Não consegui ainda acesso à matéria, mas imagino que deve contar o que a máquina de escrever de Hemingway diz sobre o autor de O Velho e o Mar, ou alguma mania que Tolkien poderia ter ao bater O Senhor dos Anéis nessa máquina.
Dica de Natali, foto daqui.
3 comentários
Nossa.. Lindo post. Adoraria encontrar esse artigo também. A máquina de escrever para o escritor, estava (e ainda está, para os mais conservadores) como o piano pro compositor: a relação menos 'virtual', mais 'concreta', deve dar a sensação de uma ligação mais forte com a obra, como você disse.