Ler mais, um desejo de todo dia

Quando você lê tantos livros com essa vida corrida que a gente leva? Na hora do almoço, no restaurante, depois de comer ou mesmo enquanto come? Rs. De noite, antes de dormir? Fica com olheiras enormes no dia seguinte porque abusou da hora? Finais de semana de manhã? De tarde? De noite? Quem lê muito, sai pouco de casa?

As perguntas são um trecho de um e-mail bem simpático que recebi de uma leitora há um tempo. Visivelmente angustiada por estar lendo pouco, e a fim de mudar o cenário, ela queria ler um post sincero sobre isso. Então vamos lá.
Bom, eu não leio tantos livros quanto parece. Tanto que o Menos um na estante não é sobre ser uma leitora ávida, é sobre querer ser. Leio muito menos do que muitos leitores do blog (ainda bem que tem vocês!), mas ainda assim mais do que muita gente que eu conheço. Trabalho o dia inteiro também, e só quem tem essa carga horária sabe que tem um momento no dia em que o corpo e a cabeça dizem: OK, parou. É aí que muitas vezes eu abro um livro, à noite, e apenas durmo.
O que eu aprendi desde que tenho o blog, há quase 4 anos, foi que falta tempo é apenas uma máscara pra necessidade real de dar prioridades. O tempo está aí, igual pra todo mundo, e a gente faz nossas escolhas. Seja as grandes: um emprego, uma viagem, uma pós-graduação que vai exigir seu esforço e deixar, consequentemente, menos tempo pra encontrar pessoas e fazer coisas que você curte, como ler. Seja as menores, como chegar em casa e querer ver série (o vício do momento é Lie To Me) e ler ao mesmo tempo, mas precisar fazer uma escolha tendo consciência de que as duas coisas são inviáveis.
Já tentei implantar esse hábito de ler durante o almoço, mas não consegui. Principalmente porque é um horário importante pra mim pra resolver coisas práticas. Os meus maiores momentos de leitura são mesmo nos finais de semana, quando estou com a cabeça mais descansada e consigo mergulhar no livro. Acredito que quem lê muito sai menos de casa sim, ou lê durante os deslocamentos em ônibus ou metrô.
Então a leitora conta que um amigo optou por não ler livros inteiros, lê trechos pois a vida é curta demais pra tanto. É uma escolha, mas eu nunca faria isso. Os livros têm começo meio e fim, e uma das graças dele é você mergulhar na história em todos os momentos. Ler sempre apenas trechos, a meu ver, é uma grande perda literária na vida de um leitor.
O que tenho a dizer pra Jaciara é: não deixe para amanhã, diga “hoje eu vou ler” e assim que tiver um tempo livre, abra um livro, o primeiro que aparecer. E no dia a dia, vá tentando fazer essa escolha cada vez mais. Aos pouquinhos (no meu caso, bem lentamente), a gente vai melhorando e ficando mais em paz com a gente e com os livros.
Foto de Jeffrey.