Emma comprova: escrever não é mesmo fácil
Por Márcia Lira em
“Aquelas palavras na tela representavam seu projeto mais recente, uma tentativa de escrever uma série de romances policiais comerciais e discretamente feministas. Aos onze anos Emma já havia lido tudo de Agatha Christie, depois também leu muita coisa de Raymond Chandler e James M. Cain. Parecia não haver razão porque não pudesse tentar alguma coisa do gênero, mas estava percebendo mais uma vez que ler e escrever não eram a mesma coisa: não se podia simplesmente absorver tudo e regurgitar.”
Ser escritor pode ser muito nobre, mas ninguém nunca disse que era moleza. Está aí Emma Morley, personagem de Um Dia, de David Nicholls, pra não me deixar mentir com dois trechos. Acima, é quando ela está tentando escrever o primeiro livro, o clássico bloqueio criativo, a auto-crítica. O outro descreve a primeira decepção com uma editora. Sempre foi difícil, tem que amar, tem que ser necessário.
“As portas do elevador se fecham e Emma desaba contra a parede enquanto desce os trinta andares, sentido seu entusiasmo coalhar na boca do estômago numa decepção azeda. Às três horas da manhã, sem conseguir dormir, tinha fantasiado um almoço de improviso com a sua nova editora. Imaginou-se tomando vinho branco gelado no restaurante Oxo Tower, entretendo sua companhia com envolventes histórias dos tempos de faculdade, e agora lá está ela, expelida de South Bank em menos de vinte e cinco minutos.”
Estou curtindo muito o livro, uma comédia romântica inteligente, cheia de referências e contada de forma criativa. Digo mais em breve.
Foto do Breathing Books.
3 comentários

A Emma Morley sofreu, tadinha…
Mas nunca deixou de acreditar e de correr atrás, né?
Muito bons os trechos selecionados.
bjo