Elizabeth Gilbert e o monstro da criatividade
Por Márcia Lira em
Navegar pela internet, é algo tão dinâmico que é difícil parar pra ver um vídeo de mais de 3 minutos. A não ser que sejam muito bem recomendados, eu deixo muitos passarem. Esse da escritora de Comer, Rezar, Amar tem 20 minutos. Aí alguns podem pensar: ah, uma palestra da autora do “best-seller água com açúcar”? Exatamente, e vale cada minuto. Digo mais: se você é ligado à qualquer atividade criativa, não dispense as reflexões da Elizabeth Gilbert.
Primeiro, a gente é fisgado pela simpatia e bom humor da autora. Elizabeth fala sobre a escolha de ser escritora, enfrentando o sentimento coletivo de que exercer uma atividade criativa é ser fadado ao fracasso, à depressão, à falta de reconhecimento, de sucesso, à frustração, uma reputação reforçada ao longo do tempo. Um trecho:
“Meu pai, por exemplo, era um engenheiro químico e eu não me lembro de ninguém perguntar a ele, em seus 40 anos de atividade, se ele tinha medo de ser um engenheiro químico, certo? (…) Mas verdade seja dita, os engenheiros químicos, como um grupo, não têm uma fama que atravessa os séculos de serem alcoólatras maníaco-depressivos. Já nós, escritores, meio que temos essa reputação, não apenas escritores, mas pessoas criativas de todos os tipos, parecem ter essa fama de serem emocionalmente muito instáveis. E se olharmos para a triste marca do número de mortos apenas no século 20, de mentes criativas realmente magníficas, que morreram cedo e muitas vezes por suas próprias mãos, sabem? E mesmo aqueles que não cometeram suicídio, literalmente, parecem ter sido derrotados pelos seus dons.”
A palestra foi no TED 2009, quando Elizabeth finalizava o temido livro pós-best-seller que vendeu 8 milhões de exemplares pelo mundo. Ela começou a pesquisar na história da humanidade em que momento o homem conseguiu lidar bem com a criatividade, e chegou à Grécia antiga. Época em que homens geniais como Sócrates eram tratados não como gênios, mas como sortudos de terem uma inspiração divina a favor. Visão que liberta um pouco o artista da responsabilidade de suas criações.
Enfim, é um belo relato. Tão interessante que me deu mais vontade de ler a obra.
Comprometida (veja o trailer) chegou às livrarias em 2010. No Brasil, pela editora Objetiva. O novo livro da escritora, ainda auto-biográfico, agora é sobre as dificuldades de concretizar o relacionamento com o brasileiro Felipe, inclusive por conta de problemas com a imigração.
Vi no Gogojob.
3 comentários
Essa palestra dela no TED me causou um impacto muito grande da primeira vez que vi. O que ela fala realmente significa algo pra mim.Já passei por algumas das obras dela em livrarias. Não peguei nada pra ler porque não acredito de jeito nenhum que a literatura dela vai ser mais significante do que a palestra. Prefiro ficar com a imagem idealizada que construí dela.Reforço a recomendação que você fez.