Próxima leitura? Agora eu vou de Nelson Rodrigues
Por Márcia Lira em
Que livro ler agora? Indecisa por natureza, confesso que passei alguns dias inertes na dúvida – e naturalmente o blog para de fluir. Aproveitei para diminuir a falta com algumas revistas que também se acumulam na estante. Mas quando você tem muitas opções, o que faz você começar a ler uma obra? Indicação de amigo, crítica, resenha?
Recentemente, tive aula de crítica teatral com um professor absurdo, que é Luís Reis, e percebi a minha falta grave jornalística-literária-dramatúrgica: nunca li nada de Nelson Rodrigues (1912-1980). Então O Casamento, desse grande escritor que explorou a natureza humana de forma única, foi o meu escolhido.
Em 1943, a estreia da peça Vestido de Noiva no Brasil, texto de Nelson Rodrigues e encenação do polonês Ziembinski, chocou a plateia e a crítica – era modernidade demais. Uma trama que não era linear, misturava violência, incesto e outras podreiras humanas incomodou muito uma plateia acostumada ao teatro onde o “ponto”, um profissional escondido no palco, ainda ditava as falas para os atores. Não é coisa da época, pois há cinco anos na Europa a encenação de outro texto do dramaturgo, O Anjo Negro, continuou sendo um escândalo.
Então isso é (um pouquinho de) Nelson Rodrigues.
E se vocês clicarem acima vão assistir esse bate-papo divertido com duas figuras impagáveis: Otto Lara Resende entrevistando Nelson Rodrigues, que tinha renascido de um coma de 15 dias. A entrevista ainda tem parte 2 e parte 3.
Como se não bastasse, o livro chegou às minhas mãos indicados por duas amigas muito queridas e é de Kleber de Brito. E provavelmente ele só vai descobrir que o “Nelson” dele está comigo se ler esse post (isso me inspirou para um post sobre livros emprestados). Mas prometo que está bem cuidado 😉
E quem aqui já leu Nelson Rodrigues?
3 comentários
AUTOR
Márcia Lira
Márcia Lira. Jornalista. Social Media. Especialização em Jornalismo Cultural. Fundadora do Menos1naestante há 11 anos. E-mail: marcialira@gmail.com.
Gênio… Nelson une magistralmente a face mais sincera do clérigo à mais singela do pervertido
Pois é, Keilha, estou lendo. Logo vou falar mais, tô adorando. Constatando o que o Filipe falou.
Finalmente ela vai ler! Ufa! Tive a oportunidade de conhecer obras do Nelson ainda na minha infância, graças a meu ilustríssimo irmão. Isso me rendeu algumas sequelas, mas acho que tenho sobrevivido bem a todas elas.rsss E achando pouco, ainda resolvi reler algumas obras nos ultimos anos como "a vida como ela é". Encontrei em um sebo paulistano e não resisti, tinha cheiro de infância.