Resenha | 1984, por Júlia Cortizo
Por Márcia Lira em
Não é todo dia que somos convidados a uma missão. Na verdade, depende. Se você trabalha com a Márcia, do Menos um na estante, você, certamente, terá uma nova missão todos os dias, mas o normal é que você não tenha (risos). No momento em que a Márcia me convidou para fazer um post sobre George Orwell e seu livro 1984, eu senti nos ombros uma responsabilidade sem igual. Falar sobre um livro lendário é no mínimo uma missão de grande risco, mas que eu resolvi enfrentar. Então, preparados para a missão? Vamos lá!
Orwell é nada mais nada menos do que ousado e corajoso, quebrou as barreiras de sua época, falou sobre assuntos indiscutíveis, criticou pessoas e momentos incriticáveis e por isso mesmo é um dos autores mais lembrados, apesar de tantos anos de sua morte. Na verdade, a sua ousadia começa pelo seu nome, para quem não sabe, George Orwell se chamava Eric Arthur Blair e utilizava um pseudônimo para escrever de maneira mais confortável e sem se comprometer tanto com seus questionamentos. A maioria de suas obras – já li duas – tratam os temas com um humor inteligente e costuma tocar em profundas feridas das injustiças sociais.
O livro 1984 traz entre suas páginas uma história linda de um homem numa época em que o estado controlava as atitudes e as mais profundas emoções de cada ser humano. Winston, o protagonista e tal homem, experimenta revelar-se contra o seu estado controlador, descobrindo o amor – sentimento que não era permitido pelo estado – participando de uma espécie de facção contra o governo e arcando com suas devidas consequências. O Deus louvado destes seres humanos, quem de fato seria o motivador de todo o controle em relação ao povo, é o famoso Grande Irmão ou Big Brother, nome que influenciou a denominação do famoso Reality Show mundial.
A história traz neologismos interessantes, como, por exemplo, crime-pensamento, a Tele-tela, A polícia das ideias, O Ministério do Amor, entre outros.
O livro toma dimensões surpreendentes e através de uma leitura envolvente faz com que você não consiga parar de ler nem para beber água ou fazer xixi. O mais bonito da história é a sua proximidade com a vida real, isto é, um sentimento comum de nos sentirmos vigiados às vezes, controlados e de nem sempre podermos ser verdadeiros e expressar nossas emoções com vigor.
Infelizmente, Orwell não esteve vivo para ver o que acontecera em 1984 e nem, obviamente, nos dias atuais, mas sempre soube que estava certo sobre suas teorias, pelo menos em grande parte.
Vale muito a pena navegar pela leitura simples e tomar suas páginas como lição para a vida. É daqueles livros que dá um orgulho de ter lido e, ao mesmo tempo, bate uma saudade depois de lê-lo, sabe? Pois é!
Obrigada por enfrentarem esta missão comigo, boa leitura e até a próxima!
[box] Colaboração: Julia Cortizo
Capricorniana que ama um romance de vez em quando, uma poesia e um café quentinho.
Blogueira do A Vida em Júpiter.
Obrigada, Julia! <3[/box]
3 comentários

AUTOR
Márcia Lira
Márcia Lira. Jornalista. Social Media. Especialização em Jornalismo Cultural. Fundadora do Menos1naestante há 14 anos. E-mail: marcialira@gmail.com.
Parabéns pelo post. Quero ler esse livro o mais breve possível!
[…] foram 1984 de George Orwell, cuja capa eu acho fantástica e que fiz uma resenha para o Menos um na estante, um blog que amo muito; Extraordinário de R.J. Palacio, que tem resenha aqui no blog e A […]
Este livro e "Adorável Mundo Novo" de Aldous Huxley, são obras perfeitas, por descrever uma sociedade controlada e alienada, totalmente aceita por sua população. Entretanto, o que mais me assustou em Admirável Mundo Novo, é a maneira de como agimos diante de tudo isso: como meros espectadores!
parabéns pela bela matéria!
Também sou louca pelo Admirável Mundo Novo, Léia. O pior é que você vê coisas do livro na vida o tempo todo.
Parabéns pelo excelente texto. ´Gostaria de publicá-lo no blog de nossa biblioteca. É possível ?http://bibliopadreantao.blogspot.com.br/
Grata
Obrigada, Valderina, fico feliz que tenha gostado! Não há problema em publicá-lo se citar o nome da autora nos créditos. 🙂
Outro livro que descreve uma sociedade controlada e alienada é Farhrenheit 451, de Ray Bradbury. Lançado em 1953 e filmado em 1966, por Truffaut. Também é um daqueles livros, que só conseguimos largar, no final.
Estou lendo esse agora, Valderina, e amando. Logo mais falo dele também por aqui. 🙂
Julia, você vai longe! Eu fico impressionada com tanto talento. Beijos da May!