Jerusalém: o horror do mundo cresce ou diminui?
Por Márcia Lira em
Queria que do meu estudo resultasse um gráfico – um único gráfico que resumisse, que permitisse estabelecer uma relação entre o horror e o tempo. Perceber se o horror está a diminuir ao longo dos séculos ou a aumentar. Se é estável. Repara que se descobrir que o horror tem uma certa estabilidade histórica, que mantém certos valores, digamos, de cinco em cinco séculos, se conseguir encontrar uma regularidade, estarei perante uma descoberta fundamental (…).
Update em 16 de março de 2019: infelizmente, com os acontecimentos terroristas no Brasil e no mundo, a cultura do ódio, o crescimento da extrema direita, esse post de 2010 está assustadoramente atual.
“Pretendo chegar à fórmula que resuma as causas da maldade que existe sem o medo, essa maldade terrível; quase não humana porque não justificada. (…) E tal como se vê nas folhas quadriculadas de um eletrocardiograma a saúde ou a doença de um homem, eu verei no gráfico, resultado dos meus estudos, a saúde e doença, não de um único homem, não de um único indivíduo, mas dos homens no seu conjunto; do colectivo, da totalidade do mais relevante e objecto comportamento humano.”
Na digestão de Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares, o trecho representa o que foi uma das coisas mais intrigantes da obra para mim: acompanhar os estudos de Thomas Busbeck.
>> Leia a resenha Jerusalém: um livro para desencantar aqui no blog.
O personagem é um psiquiatra que decidiu se debruçar sobre a História da humanidade para responder a essa pergunta que, diante de tanta violência, todo mundo se faz.
Busbeck chega a uma conclusão, inclusive traça uma tabela onde aponta nações que sofrerão massacres no futuro ou o realizarão, causando grande polêmica e…
Não farei mais spoiler literário 🙂 Para mim, essa é uma daquelas grandes perguntas cuja verdadeira resposta dificilmente virá à tona um dia.
Foto de Max Boschini
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