Devaneios de sol, maresia e leituras à beira-mar
Por Márcia Lira em
Pé na areia e desconexão. Ou conexão com mil outras coisas além da internet. Depois de três finais de semana seguidos na praia, estou pronta pra começar 2020. Ou talvez nem esteja, mas tudo bem.
Ao primeiro colocar de pés na areia fofa – e às vezes quente, parece que acontece um download das energias ruins, um mover para a terra para dispersar. Ansiedade, tristeza, frustrações, elas não estavam bem aqui?
A gente foi feito para se conectar com a natureza, porque é tão rápido que isso acontece. Automaticamente o ritmo do corpo se sintoniza com o ritmo do mar.
Funciona mais lento, mais estratégico. A sensação de que esse é na verdade o ritmo certo. Por que tenho corrido tanto?
O mar, para olhar o dia inteiro sem cansar. O ir e vir das ondas. Uma dança que embala. Tanta força e agressividade. E tanto acolhimento no mesmo lugar.
O mistério. O mar tem as coisas que só a ele pertence, ninguém mais sabe. Como a gente. E além do horizonte, o que tem? A gente lembra que não dá conta do mundo. Que tudo é muito maior.
Na praia, fica bem mais fácil colocar a vida em perspectiva. As vontades genuínas vêm à tona, os sonhos. Os problemas ficam pequenos.
Quentura, o sol que queima, areia grudada na pele, água salgada. Tem gente que não gosta, mas sente o efeito. O relaxamento impacta.
A verdade é que está tudo como devia estar agora. Mas vai mudar, porque sempre muda. A maré fica alta. A maré fica baixa. As fases chegam e vão embora. O corpo é fluido, li um dia desses.
O mar dita o ritmo que a leitura pede
E aí depois desse match com a praia, ler fica tão fácil. Porque ler pede um tempo de dentro mais tranquilo. A mente precisa estar mais quieta, se não fica impossível.
Tem gente que já tem o hábito, de tanto fazer, não precisa esforço para aquietar a mente, para absorver a leitura. Quando abre o livro, a mente entende o gatilho de que é a hora da concentração.
Mas se você não tem – e tudo bem, eu mesma tenho dificuldades em certos momentos. É importante saber que um corpo acelerado e uma mente turbulenta vão dificultar, tem que esperar acalmar. Tudo bem. Como você vai conseguir colocar a sua mente no batimento certo?
Então ir para a beira-mar (ou pelo menos para uma praça, se onde você mora não tem mar), pode ajudar e muito. Perto da natureza é mais fácil. Nota mental.
Biblioteca na praia: seria um sonho?
E pra finalizar esse compartilhar de experiências de sal e sol na Praia dos Carneiros-PE e na Praia de Pipa-RN, deixo vocês com essa cena linda, quase onírica.
Uma biblioteca à beira-mar na Praia do Amor. Entre as falésias do litoral potiguar e o mar, tem a Biblioteca da Praia. Em meio aos surfistas que aproveitam as ondas mais fortes.
Tudo bem que ela não tá nos melhores dias, é difícil resistir à maresia. Fiquei fuçando todas as prateleiras e não achei nenhum livro que interessasse – tem alguns em espanhol e outros muito velhos e empoeirados. Mas funciona ainda assim, inspira.
Se for em Pipa-RN, pode sair na praia principal e fazer uma caminhada para o lado direito. Quando você ver a galera do surf, vai encontrar a biblioteca. Espero que ela nunca saia de lá.
- Crédito de algumas fotos: Thais Yoshioka <3
- Obrigada às companhias incríveis dos dias de sal e mar: minha família, meu marido, minhas amigas.
- Galeria Hostel foi o que serviu de casinha para os dias na Praia de Pipa/RN. Tranquilo, limpo, aconchegante e com piscina e café da manhã: recomendo demais.
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