Descobrindo o horror em Lovecraft
Por Márcia Lira em
A minha leitura atual é a de um artesão do horror. Tudo bem que é aos trancos e barrancos, num intervalo aqui, meia horinha ali, mas estamos indo em frente. O livro é uma coletânea de contos chamada Horror em Red Hook, de Howard Phillips Lovecraft (1890-1937), ou H.P. Lovecraft, como é mais conhecido. Uma das primeiras aquisições para o Kindle. Alguns contos depois, dá pra entender bem porque o nome do escritor norte-americano sempre é citado quando o assunto é terror.
Lovecraft faz questão de descrever bem o ambiente, todos as nuances, as luzes, as bizarrices que aparecem e as que não aparecem, e confesso que isso me travou um pouco. Total falta de costume. Até que um amigo soltou a pérola que me atingiu em cheio: Não há literatura de terror sem imersão, não é pra ler tuítando. Bingo! As coisas começaram a fluir.
As imagens que ilustram esse post são de dois ilustradores citados pelo Lovecraft no conto que dá nome ao livro, são eles Beardsley e Doré. São desenhos em total sintonia com a obra dele, até um pouco mais singelas, diria:
A vida cotidiana para ele se tornara uma fantasmagoria de estudos irreais e macabros; ora resplandecendo e olhando maliciosamente com uma podridão disfarçada no melhor jeito de um Beardsley, ora insinuando terrores por detrás dos formatos e objetos triviais como na obra mais sutil e menos óbvia de Gustave Doré.
A dica é: se você está numa vibe baixo astral, melhor deixar as coisas melhorarem pra mergulhar num Lovecraft. Se você está tranquilo e sedento por um bom terror à moda antiga, ele é o cara. Pra se ter ideia, no estilo do escritor, até uma biblioteca se torna um lugar onde a gente não quer ir:
Nesse brilho débil vi que estávamos numa biblioteca espaçosa, bem mobiliada e revestida de madeira, datando dos primeiros 25 anos do século XVIII, com frontões triangulares esplêndidos, uma cornija dórica encantadora e um ornamento magnífico entalhado com arabescos sobre o consolo da lareira. Acima das prateleiras cheias, em intervalos seguindo as paredes, viam-se retratos de família bastante gastos, todos manchados até uma obscuridade enigmática e trazendo uma semelhança inequívoca com o homem que agora me indicava uma cadeira atrás de uma mesa Chippendale encantadora.
3 comentários
AUTOR
Márcia Lira
Márcia Lira. Jornalista. Social Media. Especialização em Jornalismo Cultural. Fundadora do Menos1naestante há 14 anos. E-mail: marcialira@gmail.com.
Graças a tu 🙂
Digite o texto aqui!
???
Ah, Lovecraft. Quantos pesadelos você deve ter sofrido para criar esse seu sombrio mundo.
Só de lembrar d'A Sombra fora do tempo, os cabelos da nuca se eriçam, como arames farpados.
Depois da digressão, o fato. Os livros de Lovecraft, acho que por venderam pouco, são absurdamente caros. Cheguei a ver 'Nas Montanhas da Loucura', um livrinho, por mais de 30 reais.
A Hedra andou reeditando, agora que Lovecraft é de domínio público, alguns títulos. Mas sofrivelmente. O typesetting é ruim, a fonte pequena demais (fonte oito, OITO), um horror para os olhos.
Gostei mais das edições da Iluminuras. Tente depois 'A Cor que caiu do céu'. É sensacional.
Vou ficar de olho nesse. Não sabia dessa faceta do preço de Lovecraft, essa edição digital foi bem baratinha.
Esqueci de mencionar, o livro de mais de 30 reais, era usado.
Livro de terror me interessa, ainda não conhecia Lovecraft, mas em breve quero ler.
http://naninhamoura.blogspot.com
Então você vai gostar. 🙂
Aí tá certo!