Da literatura pra o cinema: crises da adaptação
Por Márcia Lira em
As pessoas podem até não estar lendo tanto, mas estão consumindo o que vem da literatura. Há tempos que áreas como o cinema e o teatro se alimentam, e muito, da produção literária. Algumas adaptações são divulgadas, de best-sellers, fazem parte do marketing do filme até, mas outras a gente não fica nem sabendo. O infográfico acima eu vi no ótimo blog Literatortura, e mostra os 20 escritores mais adaptados, uma lista encabeçada por Shakespeare, que passou por 891 adaptações. Claro que estão lá Dickens, Poe, Doyle.
É uma relação de amor e ódio. Por um lado, é vantajoso pra literatura porque os livros ficam famosos, são mais lidos e os autores mais reconhecidos. Por outro, a coisa mais difícil do mundo é a adaptação cinematográfica fazer jus à obra original.
Tarefa fácil não é, e não dá pra esperar uma reprodução. Na migração entre plataformas, algumas coisas certamente vão se perder, como os detalhes, e outras serão ganhas, é o caso da estrutura visual. Mesmo quando é bem feito, é outra obra diferente (afirmativa de vários estudiosos). Ainda assim, os fãs dos livros ficam frustrados com o que encontram nas telas. Mas não é só o público que chia, os escritores também xingam as adaptações que não os agradam.
No site da Veja, há uma lista com nove filmes odiados pelos escritores das obras originais (a montagem acima é de lá). O mais interessante é que alguns são referência quando o assunto é cinema. Kubrick mesmo, coitado, teve dois grandes filmes reprovados. Dá para acreditar que Anthony Burgess e Stephen King não gostaram de Laranja Mecânica e de O Iluminado? E Roald Dahl, que impediu a continuação de A Fantástica Fábrica de Chocolates, de 1971, de tão insatisfeito que ficou? A lista toda está aqui.
3 comentários
AUTOR
Márcia Lira
Márcia Lira. Jornalista. Social Media. Especialização em Jornalismo Cultural. Fundadora do Menos1naestante há 14 anos. E-mail: marcialira@gmail.com.
A decepção é inevitável, principalmente se é uma obra que amamos. E quanto maior a obra, maior serão os cortes. Eu, pessoalmente sofro de uma ambiguidade com O Senhor dos Anéis, porque amo tanto os livros quanto os filmes, porém, fiquei muito decepcionado com a adaptação, apesar de gostar tanto. Lugares, vááááários capítulos e personagens importantes foram tirados. Fico triste que as pessoas que só assistiram os filmes não conheçam Fruta D'Ouro, Tom Bombadil, o Velho Salgueiro-homem, Glorfindel… entre outros.
Acho que a mudança de meio, obrigatoriamente, muda a obra. Mas discordo de quem acha que filme é pior que livro. Tipo, sempre acreditei, e acho que o @gutecarlos aí em cima vai me odiar pra sempre, mas o mundo é melhor sem Tom Bombadil e aquelas musiquinhas-poeminhas chatos, e a morte deles na edição me pareceu fantástica. LotR é um ótimo exemplo de adaptação porque é bastante fiel, e tentou ao máximo mostrar tudo, mesmo colocando em filmes de 4 horas.
O bacana do post é saber o que o escritor achou da adaptação.
O bacana do post é saber o que o escritor achou da adaptação. – exatamente. Concordo muito!
É interessante saber que, mesmo sendo altamente disseminado, nem sempre tudo fica bom.
Falando sobre livros, acho interessante ler uma postagem que li da Andrea Neves sobre livros: andreaneves.com/site/livros Indico muito a leitura.
[…] Apesar do meu desgosto, Dickens é o terceiro autor mais adaptado. A medalha de bronze se deve, principalmente, por Oliver Twist, adaptado mais de 20 vezes! (tabela retirada daqui) […]
amei o post! já tinha visto a lista no Literatortura, mas isto das adaptações odiadas pelos escritores das obras originais é novo para mim