A hora de parar de ler um livro
Por Márcia Lira em
Racionalmente, eu sei que é uma coisa natural interromper uma leitura no começo e desistir de um livro. É o que sempre defendo quando alguém comenta algo assim comigo: se não está fluindo, se não está curtindo, então pára e tenta ler em outro momento – ou não. Só que, vou contar uma coisa, quando acontece comigo…. Ah, eu fico cabreira.
Desde a faculdade, eu ouço falar muito no Gay Talese, um dos nomes do Novo Jornalismo. Aquele jornalismo que trabalha bem junto com a literatura, tratando de forma literária a narrativa de fatos não ficcionais. Há um tempo descobri na biblioteca dos meus pais um exemplar de A Mulher do Próximo, um Gay Talese sobre a revolução sexual nas décadas de 60 e 70 nos Estados Unidos.
Desde então, ele veio para a minha estante, e o escolhi recentemente já que estava num clima de ler algum romance histórico, biografia ou algo assim, se é que vocês me entendem. Não consegui ir muito além das 50 páginas, não bateu. Sabe quando você não fica querendo saber o próximo passo da história? É frustrante.
Talvez seja o momento, talvez eu não tenha curtido o estilo do Gay Talese, talvez um monte de coisa. Penso que só vou saber depois. O fato é que: É MUITO DIFÍCIL DIZER “NÃO” A UM LIVRO, principalmente de um autor consagrado. Mesmo assim, vejo ainda menos sentido em continuar uma leitura que não está me dizendo nada.
Por outro lado, também penso que essa mini crise pode ser uma questão de maturidade literária. Imagino que para quem lê muito e frequentemente – a ponto de estar satisfeito com o seu ritmo, o que não é o meu caso -, dizer “não”a um livro que não lhe pegou é um processo mais natural. O que vocês me dizem?
Leia também: Quanto se deve ler de um livro para concluir que não é o momento dele?
Vi a imagem aqui.
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3 comentários
AUTOR
Márcia Lira
Márcia Lira. Jornalista. Social Media. Especialização em Jornalismo Cultural. Fundadora do Menos1naestante há 14 anos. E-mail: marcialira@gmail.com.
Eu já abandonei A Menina que roubava livros, e acho que esse eu não volto mais.
Hummm, eu adorei " A menina que roubava livros" !!! Gostei tanto que quero ler de novo!
Eu nunca desisto de um livro, apenas dou um tempo pra mim e talvez para o livro.
Dar um tempo parece uma boa ideia também 🙂
Acho que "desistir" é uma palavra meio fatalista demais. "Dar um tempo" seria mais apropriado para mim. Eu posso "Dar um tempo" por vários motivos: narrativa pouco atraente, não é o momento para o tipo de leitura, ou sei la´, chegou um livo q eu comprei na internet e eu estou ansioso pra começar então paro o que eu estou lendo… mas tudo com o sentido de "depois eu retomo essa leitura". Confesso que eu não gosto de fazer isso. Quando começo um livro, meio que me sinto na obrigação de terminá-lo rs.
Eu também me sinto, coloquei na cabeça que vou ler outro e volto pra ele. :/
Então, eu "estou" lendo Lolita de Nabokov, faz umas 2 semanas que eu não consegui avançar muito, leio um pouquinho e da vontade de parar, escutei e li tanto sobre esse livro, e não consigo… Uma certa vez eu resolvi ler A Cabana, e só consegui quando alguém me disse: "pula umas paginas que tu vai achar legal…" fiz isso e consegui acabar, mas com aquele peso na consciência de ter pulado uma paginas… E eu tenho o mesmo sentimento do @gutecarlos ai em cima, me sinto na obrigação de continuar a leitura, não consigo deixar um livro pela metade, não consigo pegar outro sem terminar o que estou lendo!
Eu já pensei muito assim, mas hoje em dia tento ser mais focada, e ao empacar num livro fico pensando nos outros tanto que quero ler e poderia estar lendo. Empacar num livro é muito ruim. Mas vou dar uma nova chance ao Gay Talese. 🙂
E eu darei uma chance ao Nabokov!
Márcia
No meu entender, leitura deve sempre ser prazerosa.
Ler Ulisses por que é considerado um dos, se não, o melhor livro do mundo e não curtir não vale a pena.
A não ser que seja por trabalho ou estudo. Ou se o livro, embora chato, seja interessante.
Nosso tempo é curto e a quantidade de coisas boas (ou adequadas a nosso gosto) é imensa.
E o que é chato para mim é ótimo para você, vice-versa.
Não tenha dó, deixe de lado e vá ler algo gostoso.
Eu li "O Reino e o Poder" do Talese no ano passado, adorei cada página.
Mas isto não significa que outra pessoa vá gostar.
Ainda luto com os Irmãos Karamazov e com o Dom Quixote, embora saiba que tentei lê-los em duas traduções ruins (ou será que é apenas uma desculpa, um auto-engano…?).
Por outro lado, os livros do Guimarães Rosa são complicados de ler…mas no meu caso gerou um incomensurável prazer.
Outro exemplo, gosto muito do Graciliano Ramos, São Bernardo e Vidas Secas achei fantásticos.
Mas Infância foi mais ou menos e o festejado Angústia achei meio chato (mas fui até o fim, contrariando o que te disse).
Às vezes a leitura é até chata, mas é interessante, daí vale a pena o sofrimento de continuar.
Mas se nem é interessante, nem legal, oras, vá ler alguma coisa boa.
Como eu disse antes, a vida e o tempo são curtos demais para lermos sem prazer.
Abs
Ronaldo
Obrigada pela força, Ronaldo 😀 Eu tô tentando pensar assim, mas ainda é sofrido.
Eu tenho um livro que comecei e deixei de lado, ele me dá sono!
É "O Poder dos Quietos", é que não é história, gosto de leituras que me pegam mesmo, contos, histórias até biografias!
Eu deixei de lado, mas com um peso na consciência, ainda irei ler hahahaha
beijãozão*
Se for como o título, não é atrativo mesmo 🙂
Concordo plenamente com o Ronaldo.
Não vou ler um livro só de birra, muito menos só porque ele vendeu não sei quantos milhões de cópias.
Estou lendo Ulysses, e estou gostando muito, embora algumas partes sejam realmente chatas, elas não chegam a comprometer a experiência.
Charles Dickens é super conceituado, e nem por isso deixei de abandonar Um Conto de Duas Cidades, Memórias de Pickwick e David Copperfield. Desde então, não tentei ler nenhum romance dele.
Tenho um número grande, porém finito de páginas para ler durante a vida. Então não vou gastá-las com algo que não valha a pena.
Depois eu vou fazer um post sobre a dificuldade de lidar com as páginas que você nunca vai conseguir ler :/
Eu acredito no tempo do livro. Recentemente até escrevi sobre isso. Passei dois anos começando e interrompendo o livro Crônicas Volume 1, de Bob Dylan. Não conseguia avançar além da página 20, mesmo tendo sido um livro bastante desejado por mim. Retomei ele há pouco tempo e consegui vencê-lo em quatro dias. Acho que era preciso que eu passasse por outras tantas leituras antes dele para conseguir apreendê-lo como um todo. Havia, enfim, chegado o meu tempo com aquele livro. Por isso que eu realmente não me importo em ter que abandonar um exemplar de vez em quando. Ás vezes é preciso desapegar para avançar.
Ok, agora estou mesmo convencida a tentar voltar ao livro em outro momento 🙂
Passei 9 meses lendo o FRAQUISSIMO e PRETENSIOSISSIMO a montanha magica, porque nunca desisti de livro nenhum. Ate "o processo" de Kafka, que é um lixo, eu terminei. hehehehe
E tenho tambem o exemplo de "O outono do patriarca" de Gabriel, que comecei a ler tres ou quatro vezes e parei, mas era pela dificuldade se acostumar ao estilo do livro; eu sabia que o problema era meu e nao de Gabriel heheheheh. Por isso tentei outra vez e ai terminei. É que esse livro voce nao lê, voce estuda.
Sério que você achou O Processo um lixo? Eu também, quero ler, espero não empacar.
Puxa, que dor que dá! E quando Deus e o mundo dizem que aquele livro é perfeito e você não sente nem um pinguinho do que eles sentiram?
Já passei por situações de começar o mesmo livro 4 vezes – na 4ª deu certo! Mas acredito que é coisa de momento. Têm horas em que estamos mais pra romance, outras mais pra contos, enfim… Acho que o importante é não desistir. Dê um tempo pro livro e pra você e, uma hora, vai fluir.
Você dizendo isso e eu lembrando dessa tirinha aqui: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=421327567…
Quando tentar voltar ao livro, conto o que aconteceu. 🙂
Tô no seu time e não consigo desistir de um livro tão fácil. Se eu não estou gostando da história ou do estilo do autor, eu continuo até o fim, só de birra. Em toda a minha vida eu abandonei dois livros: O Mundo de Sofia (que eu ainda pretendo terminar) e O Cortiço (que eu não vou terminar nem a pau).