Amplie a experiência de leitura com busca de locais no Instagram
Por Márcia Lira em
Se tem um tipo de leitura que me deixa empolgada é quando a narrativa é bem marcada em uma cidade ou país que não conheço. E como eu sei que muitos leitores gostam disso também, resolvi trazer uma dica simples que adotei pra potencializar essa “viagem sem sair do lugar”.
A dica é procurar os locais citados no livro por busca de locais no Instagram. Você já fez isso?
A primeira vez que usei esse recurso foi quando eu estava lendo o primeiro livro da trilogia Millenium, Os homens que não amavam as mulheres, do Stieg Larsson.
A descrição dos bairros e das ruas de Estocolmo, e as paisagens das outras cidades por onde passam os personagens potencializam o clima da trama.
Se você leu Os homens que não amavam as mulheres, do Stieg Larsson, vai entender o que eu falo. A descrição dos bairros e das ruas de Estocolmo, e as paisagens das outras cidades por onde passam os personagens potencializam o clima da trama.
Só que eu nunca fui em Estocolmo ou em qualquer lugar da Suécia, então como entro no clima da narrativa? Abro o Instagram e busco pelo nome do local: aparecem várias fotos de pessoas aleatórias naquela localização.
A leitura mais recente em que a busca no Instagram deu novas cores à história foi a do Frankenstein, da Mary Shelley, um livro fantástico publicado em 1818, que não tem nada a ver com o monstro verde que a gente tem na cabeça (mas isso é assunto para outro post).
“Permaneci dois dias em Lausanne nesse estado mental doloroso. Contemplei o lago, as águas eram plácidas, tudo ao redor estava calmo e as montanhas encobertas de neve, “os palácios da natureza” não tinham mudado. Aos poucos a paisagem calma e celestial restaurou-me e continuei a viagem até Genebra”.
Frankenstein, de Mary Shelley
“Vi – disse ele – os cenários mais belos de meu país; visitei os lagos de Lucerna e Uri, onde as montanhas nevadas descem quase perpendiculamente até a água, lançando sombras negras e impenetráveis que trariam um aspecto lúgubre e pesaroso, não fossem as ilhas verdejantes que aliviam a vista com sua aparência alegre. Vi o lago agitado por uma tempestade, quando o vento fez redemoinhos na água e dá a ideia do que deve ser uma tromba d’água no grande oceano”.
Frankenstein, de Mary Shelley
E assim eu sempre fico pensando: essas pessoas que postaram as fotos não têm nem ideia de que estão no lugar onde passou o monstro de Frankenstein. Lugares que encantaram a autora Mary Shelley há mais de um século e por isso mereceram destaque no livro.
“Esses foram os últimos momentos de minha vida em que pude desfrutar de um sentimento de felicidade. Avançamos rapidamente. O sol estava quente, mas uma espécie de toldo nos abrigava de seus raios enquanto desfrutávamos da beleza da paisagem, às vezes em um dos lados do lago, onde víamos o mont Salève, as margens aprazíveis de Montalègre e, à distância, dominando tudo, o mont Blanc e o conjunto de montanhas nevadas que, em vão, tentavam emulá-lo; outras vezes costeando a margem oposta, avistávamos o imenso Jura, contrapondo as encostas negras à ambição de deixar o país natal e formando uma barreira quase instransponível ao invasor que desejasse submetê-lo.”
Frankenstein, de Mary Shelley
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