A triste radiografia da leitura no Brasil
Por Márcia Lira em
O engraçado é que o brasileiro tem surpreendido o mundo em tantos aspectos. Desde o fato de eleger um presidente com a história de Lula, depois uma mulher, até os altos números sem tanta quando se fala em internet. O país tem o título de quinta maior população em redes sociais do mundo. No entanto, se o tema é educação, e principalmente, leitura, o problema só se renova.
Sim, estou falando da pesquisa do Instituto Pró-Livro, Retratos da Leitura no Brasil. Um estudo que mostrou que, apesar de mais conectados, os brasileiros estão cada vez menos leitores. Apenas 50% da população pode ser considerada leitora, isso porque o conceito de “leitor” usado é bem amigável: ter lido 1 livro nos últimos três meses.
A grande média dessa meia população leitora é de 4 livros por ano. E os três mais citados têm teor religioso: a Bíblia, Ágape, do pe. Marcelo Rossi, e o best seller A Cabana. É sério. Foram mais de 5 mil entrevistados em 315 municípios.
Não, o preço não é o principal empecilho, segundo as entrevistas, e sim a falta de tempo e de interesse. Tanto é que 75% dos brasileiros nunca frequentaram uma biblioteca. Falta de tempo a gente sabe que é falta de prioridade. Em vez de abrir um livro, há tempo para a atividade preferida que é? Assistir à TV. Ler é um ato que ocupa apenas o sétimo lugar no ranking da preferência.
Aí você pensa: mas se somos um povo tão conectado e lemos tão pouco, talvez um projeto de leitura digital venha bem a calhar. Pode até ser, mas com a consciência de que será um trabalho iniciado praticamente do zero porque a pesquisa mostra que 70% dos entrevistados nunca tinham ouvido falar sobre os livros digitais.
Mas o mais triste é que se achávamos ruim a situação há anos, no comparativo o retrato da leitura no Brasil piorou. No documento divulgado em 2008, a média de livros anualmente era um pouco maior, 4,7, e 7% nunca tinha frequentado a biblioteca, enquanto hoje são 10%.
Então, para onde caminhamos? E o que podemos fazer?
Foto de Lubs Mary.
3 comentários
AUTOR
Márcia Lira
Márcia Lira. Jornalista. Social Media. Especialização em Jornalismo Cultural. Fundadora do Menos1naestante há 14 anos. E-mail: marcialira@gmail.com.
Oi, Paula! Eu também fico dividida com a internet, mas a situação é ruim demais. Acho que é cultural também, mas piorar é que não dá. E que bom que você gosta. Às vezes não respondo todos os seus comentários, mas leio sempre e adoro 🙂
Pois é eu também, não devoro livros, mas gosto muito rsrsPiorar não dá, esperamos que não dê mesmo hahahahahahaAh não tem problemaaaa ;)Fique tranquilaaa rsrsbeijãozão*
essa sua questão, para onde iremos?, é um tanto dificil de responder. mas, te farei outras: leitor é quem lê um livro – mais especificamente um romance, como apontado na pesquisa, ou é todo aquele que decodifica os signos? vc afirma que o processo de leitura digital vai começar praticamente do zero, porque 70% dos entrevistados não conhecece "livros" digitais. mas, o que será q eles andam lendo? revistas, sites de fofocas, redes de relacionamento, periódicos? acho que a pesquisa é um retrato um pouco sob a ótica de quem o faz (instituo pró livro).
não proponho nesse espaço que pensemos no fim do livro, mas que pensemos em abraçar esses novos leitores semióticos. é uma reflexão a se fazer…
Olá, Gabriella! É uma observação bem pertinente. No caso, estamos falando de leitores dessa "mídia" específica, os livros, como tem pesquisa pra quem assiste TV ou ouve rádio. Os livros com todas as especificidades, e os livros digitais com as suas também. Os leitores semióticos, como você diz, colocaria em outra categoria, talvez ainda pouco explorada, pois agora que se está entendendo que eles existem.
Não caminhamos, nos arrastamos. O q podemos fazer? Difícil…
Faço a minha parte incentivando meus filhos que, mesmo com toda a tentação tecnológica disponível, ainda se divertem indo a Livrarias e escolhendo seus livros. E lêem! E viajam nas histórias. A frequência com q isso ocorre? Semanal.
Eu os torturei, obriguei? Não! Sempre tive livros espalhados pela casa e, mesmo quando eles eram bem pequenos, não me importava se mexessem, rabiscassem ou rasgassem. Ia, aos poucos, ensinando (NUNCA falei "olha o q vc fez! Rasgou meu livro! Q feio, ñ pode…). Sempre deixei o livro acessível, sempre li para eles e eles sempre viram eu e meu marido lendo.
Dificilmente uma criança se interessará por leitura se não VER seus pais (ou pessoas próximas) lendo. Claro, há exceções.
Esperança de mudança? Talvez… Alguns livros chamaram a atenção dos jovens e eles leram!
Talvez seja o 1º passo…
Salve Harry Potter!
ah, só complementando: meu filho tem 12 anos e minha filha, 9
"Falta de tempo a gente sabe que é falta de prioridade." Boa!
Oiii !nossa, adoro aqui rsTambém ouvi sobre isso na rádio hoje na hora do almoço!!!!Impressionada… eu enrolo bastante, ultimamente, a internet me chama sabe?! Mas normalmente, leio 1 livro por mês…..Acho que esse problema é cultural, não sei o que pode ser a causa dessa deficiência, provavelmente a tecnologia, pois lemos na escola, os pais as vezes leem para seus filhos antes de dormir, mas hoje as crianças já nascem com video game, celular e computador, ai fica difícil mesmo introduzir a leitura, preferem coisas rápidas, ou livros com imagens somente. (para crianças é ótimo tbm, mas não para um adolescente e adulto) heheheheVamosss tentar mudar isssooo hahahahaha como eu não sei!!!!!beijãozão *