Amizade à peruana
Por Márcia Lira em
– Estou me sentindo sozinho feito um cachorro abandonado, meu irmão – confessou.
– Você nem sabe como fico contente por ter vindo. Descobri que apesar de conhecer um milhão de gringos aqui, você é o único amigo que tenho. Amigo de amizade à peruana, dessas que vão até o tutano, quero dizer. Aqui as amizades são muito superficiais, mesmo. Os ingleses não têm tempo para amizade.
A fala em Travessuras da Menina Má, de Vargas Llosa, é de Juan para Ricardo. Juan é bissexual e sofre com uma doença desconhecida, que acaba com a sua imunidade e deixa seu estado cada vez mais grave. Numa época em que a AIDS ainda era misteriosa para as pessoas.
O problema é que às vezes me sinto meio inglesa, nesse sentido aí de não ter tempo para amizade. Tanta coisa para dar conta na vida, que é difícil ficar em dia com tudo. E isso me faz um mal. Mas aos poucos, a gente vai se organizando, e priorizando o que faz bem.
Foto de um pôr-do-sol em Londres, de Unai Mateo.
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