‘A Garota no Trem’: personagens femininas num suspense bem amarrado
Por Márcia Lira em
Livros podem nos inquietar bastante e até mudar a nossa forma de ver algumas situações. Mas tem horas que tudo que a gente precisa é de um livro é que seja capaz de nos envolver e de nos distrair. Se a pegada é essa, eu recomendo a leitura de A Garota no Trem, o badalado policial de Paula Hawkins.
A trama se tornou um filme que fez um certo estardalhaço nos cinemas tendo a Emily Blunt vivendo a protagonista Rachel.
Antes dele eu estava lendo o bate-papo cabeça Não Contem Com o Fim do Livro, transcrição de diálogos sobre cultura, livros e outros temas entre o escritor Umberto Eco e o cineasta Jean-Claude Carriére. De forma que meu ritmo de leitura entrou em modo “quase parando”.
Quando terminei, eu só queria ser capturada (tipo saudades da trilogia Millenium).
Recomendo baixas expectativas
Disseram que o começo do livro era moroso, que o final não atendia às expectativas e pelo jeitão da narrativa eu entendi que não era pra esperar muito. Sabe comédia romântica? É um gênero que eu amo, mas a gente sabe o que vai encontrar quando dá o play pra assistir a uma.
Então eu baixei minhas expectativas e foi a melhor coisa que poderia ter feito.
Pra quem não sabe nada da história, a Rachel é uma moça que todo dia pega o trem para Londres, onde trabalha. No itinerário, ela tem a mania de observar a paisagem, especialmente de fantasiar sobre a vida de um casal que vê todo dia pela janela do comboio. Até que um dia ela vê algo bem fora do normal, envolvendo uma pessoa pouco antes dela desaparecer e virar caso de investigação da polícia.
Policial escrito por mulher
A Paula Hawkins tem uma escrita fácil, detalhada, a história tem ritmo e a personagem principal é bem construída.
Um ponto altamente positivo pra mim é o drama das personagens femininas, uma alcoólatra, outra tem problemas de maternidade, outra tem uma espécie de relacionamento abusivo. O interessante de ler um thriller escrito por uma mulher, é que embora a “coisa da mulher” não seja o tema principal, grandes dramas femininos estão lá retratados no livro e dá pra gente se pegar fazendo algumas reflexões.
Duas coisas que me incomodaram um pouco:
1. A divisão dos capítulos entre “dia” e “noite”, achei grosseiro.
2. A mudança de perspectiva de personagem por capítulo, porque depois de ler alguns livros nesse estilo estou entendendo que é uma forma narrativa que virou muleta. Sempre mostrar o mesmo episódio por perspectivas diferentes. Manjado.
Resumindo
Se você gosta de um suspense bem amarrado, com uma problematização psicológica e personagens fora da curva, você tem tudo pra curtir bastante esse best-seller. Acabei tendo boas horas de diversão e ainda me surpreendi um bocado com o desfecho da história.
Ah, e esse é um típico caso de o livro ser melhor que o filme, pois a versão da história que foi para os cinemas não dá conta da construção dos personagens e dos detalhes. O trailer você assiste abaixo:
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Ficha Técnica
A Garota no Trem, Paula Hawkins
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Nota: 3/5
Editora: Record, 2016.
Páginas: 375
ISBN: 978-85-01-07568-0
Onde a trama acontece: entre cidades da Inglaterra: Witney, Ashbury e Londres.
3 comentários
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